▬Quem é você, por trás dessa mascara de sanidade?▬ Disse ela, fitando o chão e enrolando uma mecha de cabelo castanho no dedo indicador. ▬Em algum momento você já enlouqueceu? Já gritou com alguém? Já impôs sua vontade? Já disse "não" a alguém?▬ Continuou, e, por algum motivo, aquelas palavras me feriram de uma forma impressionante.
Eu ainda a observava, mas minha cabeça vagava longe.Quem eu era? Estava tão acostumada a ser quem queriam que eu fosse, a aceitar desejos e tentar realiza-los para tornar as pessoas ao meu redor felizes e esqueci de mim. Esqueci que sou humana, que tenho vontades, necessidades, que posso dizer "não", ou melhor, que devo. Eu, como qualquer outra pessoa, tinha o direito de perder a cabeça algumas vezes, de cometer erros, de desagradar as pessoas, de não ser só um ponto de apoio. Eu percebi, enfim, que sou solitária. Que não tenho alguém por mim. Que ninguém tenta me entender ou me ajudar, que ninguém me pergunta o que eu quero ou o que eu sinto. Que quando precisam de mim, seja por um problema ou por que estão sozinhos, sempre me procuram rapidamente já pedindo os favores. E quando não precisam, e eu os procuro, bem... Eles sempre tem algo a fazer ou algo que atrapalhe. Eu percebi que tinha me acomodado naquela situação, que tinha aceitado o "ser a segunda opção" ou "ser a fonte de apoio", tão acostumada que esqueci de viver por mim.
~Le Blanc
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