Separei alguns trechos de O diário de Anne Frank para vocês, tanto pra ajudar na minha resenha como para vocês conhecerem um pouquinho da história.
20 de junho de 1942, pág 19.
“O papel tem mais paciência que as pessoas.”
5 de julho de 1942, pág 30.
Meus pais ficaram satisfeitos, mas eles não são como os outros pais com relação
às notas. Eles nunca se preocupam com os boletins, bons ou ruins. Desde que eu
esteja saudável, feliz e não discuta demais, eles ficam satisfeitos. Se essas
coisas estiverem bem, todo o resto se resolve. (5 de julho, 42. Pág 30)
30 de janeiro de 1943, pág 99.
Quando falo, todo mundo acha que estou querendo aparecer, que sou ridícula
quando fico quieta, insolente quando respondo, inteligente quando tenho uma boa
ideia, preguiçosa quando estou cansada, egoísta quando como um pouquinho a mais
do que deveria, imbecil, covarde, calculista e outros adjetivos. O dia inteiro
só ouço dizerem como sou uma criança irritante, e apesar de rir e fingir que
não me importo, eu me importo, sim.
27 de março de 1943, pág 113.
Rauter, um figurão alemão fez recentemente um discurso:
“Todos os judeus devem sair dos territórios ocupados pela Alemanha antes de 1º
de Julho. A província de Utrecht ficara livre de judeus (como se eles fossem
baratas) entre 1º de abril e 1º de maio e 1º de junho.”
2 de abril de 1943, pág 116.
Foram seus comentários sem tato e as piadas cruéis sobre
questões que não acho engraçadas que me tornaram insensível a qualquer sinal de
amor vindo de sua parte. (Sobre sua mãe)
26 de julho de 1943, pág 135.
Assim que começamos a jantar soou outro alarme antiaéreo. A
comida estava boa, mas perdi o apetite no momento em que ouvi a sirene. No
entanto, nada aconteceu, e 45 minutos depois ouvimos toque dizendo que o perigo
passara. Depois de os pratos seres lavados outro alarme antiaéreo, tiros de
canhão e enxames de aviões. Ah, meu Deus, duas vezes num dia, pensamos. De
pouco adiantou, porque mais uma vez as bombas choveram, dessa vez do outro lado
da cidade. De acordo com os noticiários ingleses, o aeroporto Schiphol fora
bombardeado. Os aviões mergulhavam e subiam, o ar zumbia com o barulho dos
motores. Foi muito assustador, e o tempo todo eu ficava pensando: “Lá vem, é
essa.”
16 de setembro de 1943, pág 156.
Estou tomando valeriana todos os dias para controlar a
ansiedade e a depressão, mas isso não impede que me sinta ainda mais infeliz no
dia seguinte. Uma boa gargalhada ajudaria mais do que dez gotas de valeriana,
mas quase esquecemos aqui como se gargalha.
24 de dezembro de 1943, pág 176.
Às vezes me pergunto se alguém deixaria de lado a minha
ingratidão e não se importaria se sou judia, e apenas me visse como uma
adolescente que precisa demais de uma simples diversão.
24 de dezembro de 1943, pág 176.
Acho difícil descrever o que estou pensando, mas a palavras “mamãe” diz tudo. Sabe
no que pensei? Para me dar o sentimento de chamar minha mãe de mãe de alguma
coisa que soe como “mamãe”, costumo chamá-la de mama. Algumas vezes abrevio
para mam: uma “mamãe” imperfeita.
Gostaria de homenageá-la completando a palavra. É bom que ela não perceba isso,
porque só ficaria infeliz.
02 de março de 1944, pág 228
"Amor, o que é o amor? Não creio que se possa realmente pôr em palavras. Amor é entender alguém, se importar, compartilhar as alegrias e as tristezas. Isso pode incluir o amor físico. Você compartilha alguma coisa, dá alguma coisa e recebe algo em troca, seja ou não casada, tenha ou não um filho. Perder a virtude não importa, desde que você saiba que, enquanto viver, terá ao lado alguém que a compreenda e que não precisa ser dividido com ninguém mais!
Sua Anne Frank"
3 de fevereiro de 1944, pág 206.
É só o que eu ouço o dia inteiro. Invasão, invasão, só invasão. Conversas sobre
fome, morte bombas, extintores de incêndio, sacos de dormir, carteiras de
identidade, gás venenoso etc.
25 de março de 1944, pág 267.
Um vazio, mesmo claro
e puro
Como qualquer noite, é escuro.
(Escrevi isso há algumas semanas,
e não acho que seja mais verdade, mas inclui por que meus poemas são poucos e
espaçados.)
28 de março de 1944, pág 271.
Mamãe está triste, porque ainda me ama, mas não estou nem um pouco infeliz, porque ela não significa mais nada pra mim.
Mamãe está triste, porque ainda me ama, mas não estou nem um pouco infeliz, porque ela não significa mais nada pra mim.
28 de março de 1944, pág 272.
Peter costuma dizer: "Sorria!" Eu achava estranho, por isso
ontem perguntei:
-Por que você sempre quer que eu sorria?
-Por que você fica com covinhas no rosto. Como consegue isso?
-Nasci com elas. Também tenho no queixo. É minha unica marca de beleza.
-Não, isso não é verdade!
-É sim, sei que não sou bonita, nunca fui, nunca serei!
-Não concordo. Acho você bonita.
-Eu digo que é, e você precisa acreditar na minha palavra.
Querida Kitty,
O ministro Bolkestein, falando no noticiário
holandês transmitido da Inglaterra, declarou que depois da guerra farão uma coletânea
de diários e cartas que falem da guerra. Claro que todo mundo lembrou do meu
diário.
11 de abril e 1944, pág 291.
Quem sabe, talvez nossa religião ensine ao mundo e às
pessoas o que é bondade, e talvez esse seja o único motivo do nosso sofrimento.
6 de junho de 1944, pág 343.
Transmissão da BBC em inglês, à uma hora da tarde: 11 mil aviões estão voando
de um lado para o outro, ou lançando tropas e bombas por trás das linhas
inimigas; quatro mil lanchas de desembarque e barcos pequenos chegam
continuamente à área entre Cherbourg e Le Havre. Tropas inglesas e americanas
já travaram combate pesado.
13 de junho de 1944, pág 350.
Uma das muitas perguntas que me incomodam é por que as mulheres eram vistas, e
ainda são, como inferiores aos homens. É fácil dizer que isso é injusto, mas
não basta; realmente gostaria de saber o motivo dessa grande injustiça!
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